Programa de Pós-Graduação Stricto Sensu em Divulgação Científica e Cultural inicia em 2026 e demonstra a consolidação da área de pesquisa
Na primeira semana de dezembro, o Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor) da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp) divulgou a lista dos aprovados para a turma 2026 do Programa de Pós-graduação em Divulgação Científica e Cultural (PPG-DCC). A novidade é a inclusão de dez novos doutorandos no programa, que até então oferecia apenas o nível de mestrado.
O PPG-DCC é o único programa de divulgação científica e cultural em nível de doutorado do país. Até agora, o Brasil contava apenas com cursos de mestrado, como o de Divulgação da Ciência, Tecnologia e Saúde, da Casa Oswaldo Cruz (COC/Fiocruz), no Rio de Janeiro, e de especialização lato sensu em Divulgação Científica, como o da Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG).
No Labjor há também a especialização em Jornalismo Científico, primeiro curso oferecido pelo laboratório, desde 1999. Já o mestrado teve sua primeira turma em 2008, numa parceria com o Instituto de Estudos da Linguagem (IEL).
A abertura do doutorado é uma resposta a demandas dos próprios alunos, que cursam a especialização ou o mestrado e, antes deste ano, precisavam migrar de programa caso quisessem continuar estudando na área. Dos 26 inscritos para concorrer às dez vagas disponíveis, 12 são egressos do curso de mestrado.
A abertura de mais um segmento também demonstra a consolidação de uma referência nessa área de pesquisa. “O Labjor foi pioneiro nessa iniciativa, contribuindo para o desenvolvimento institucional da cultura científica, que é a grande questão que envolve todas essas atividades”, comenta o linguista Carlos Vogt, ex-reitor da Unicamp (1990-1994) e um dos fundadores do Laboratório.
Interdisciplinaridade
O físico Marcelo Knobel, pesquisador associado e primeiro coordenador do curso de mestrado em Divulgação Científica, em 2007, afirma que o curso de doutorado segue uma fórmula de sucesso: aceitar pessoas de áreas diversas. “O programa ganha com diferentes formações, com idades diferentes, com heterogeneidade, diversidade. E eu acho que foi muito bem-sucedido nisso”, diz Knobel, que foi reitor da Unicamp entre 2017 e 2021.
O PPG-DDC está vinculado à área Interdisciplinar da Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (CAPES), com ênfase em Ciências Humanas e Sociais. Os projetos desenvolvidos no Laboratório estão organizados em quatro linhas de pesquisa distintas, com pesquisadores que também possuem diferentes áreas de formação.
“Isso é uma riqueza muito grande para o programa. É a interdisciplinaridade a partir da própria configuração das pesquisas e da formação dos docentes. Eu diria que é o ponto-chave de uma área de pesquisa muito jovem, no sentido de que ela é muito atual. Todas as pesquisas realizadas aqui estão conectadas com questões do nosso tempo”, explica Greciely Costa, pesquisadora do Laboratório de Estudos Urbanos (Labeurb) e atual coordenadora do PPG-DCC.
Costa e Knobel reforçam que a formação interdisciplinar tem sido cada vez mais bem-vista na academia. Costa cita ainda como os programas interdisciplinares já são maioria entre os cadastrados na CAPES. Ambos concordam que essa tem se mostrado uma tendência entre os cursos.
Características
Desde o início, a conexão entre diferentes áreas do conhecimento foi um eixo estruturante dos cursos oferecidos pelo Labjor. A promoção da cultura científica, por meio da união de pesquisas em ciências naturais, humanas e de linguagens, incluindo a comunicação, era um dos desejos dos fundadores dos cursos.
Para Costa, outro ponto forte é o vínculo direto da pós-graduação a um laboratório de pesquisa. O contato com o ambiente especializado de pesquisa fortalece a formação de quem pretende seguir a carreira acadêmica.
A preocupação com a inclusão de diferentes perfis de alunos passa pela implementação de ações afirmativas. O doutorado inaugura com 30% das vagas reservadas para cotas raciais. O padrão já vem do curso de mestrado, que inclui ainda três vagas suplementares: para pessoa com deficiência, trans e indígena.
Por Mayra Trinca

