Ementa

Esta disciplina pretende colocar em cena diversas abordagens ontoepistemológicas que interrogam as noções modernas de Ciência, Humano e Natureza e as fraturas entre humanos e não humanos, organismos e meios, sujeitos e objetos,  colonialismos e ambientalismos. Situaremos essa discussão no tempo presente, problematizando a noção de Antropoceno e abordando os debates que envolvem em noções como as de Capitaloceno (HARAWAY, 2016; LATOUR, 2017), Plantationoceno (HARAWAY, 2016) e Negroceno (FERDINAND, 2023). Adentraremos os estudos multiespécies, as  epistemologias ecológicas, as ecologias emergentes, as ontologias afro-ameríndias e os estudos ecofeministas, para pensar  uma comunicação que se abre aos devires mais que humanos e que experimenta outras potências de viver junto, de pensar,  agir e sentir em alianças com diversos seres-forças-mundos através de diferentes meios e linguagens.

Métodos de Ensino

A disciplina envolve leituras, rodas de conversa com os textos articuladas a práticas de criação coletivas.

Critérios de Avaliação

Assiduidade, leitura dos textos propostos, participação nas discussões de textos, produção (individual e coletiva) de materiais  em articulação com leituras e discussões realizadas, bem como participação nas atividades propostas.

Bibliografia Básica

ARENDT, Hanna. The human condition. Chicago, IL: University of Chicago Press, 1958. ACOSTA, Alberto. O bem viver: uma oportunidade para imaginar outros mundos. São Paulo: Autonomia Literária, 2016.

DELEUZE, Gilles; GUATTARI, Félix. Mil platôs – capitalismo e esquizofrenia, vol. 4. Trad. Suely Rolnik. São Paulo, ED 34, 1997.

BISPO, Antônio. Colonização, quilombos, modos e significações. Brasília: INCTI/UnB, 2015. DANOWSKI, Débora; Viveiros de Castro, Eduardo. Há mundo por vir? Ensaio sobre os medos e os fins. Cultura e Barbárie Editora, 2014.

FERDINAND, Malcon. Uma ecologia decolonial: pensar a partir do mundo caribenho. Trad. Letícia Mei. São Paulo: UBU Editora, 2022.

GUATTARI, Félix. As três ecologias (21ª edição). (M. C. F. Bittencourt, Trad.). Campinas, SP: Papirus, 2011.

HARAWAY, Donna. O manifesto das espécies companheiras – cachorros, pessoas e alteridade significativa. Trad. Pê Moreira. Rev Técnica e Prefácio: Fernando Silva e Silva. Rio de Janeiro: Bazar do Tempo, 2021.

KOPENAWA, David; ALBERT, Bruce. A queda do céu: palavras de um xamã yanomami. Trad. Beatriz Perrone-Moisés; Prefácio Eduardo Viveiros de Castro, 1a ed. São Paulo: Companhia das Letras, 2015. pp. 69-193.

KRENAK, Ailton. Ideias para adiar o fim do mundo. São Paulo: Companhia das Letras, 2019. LATOUR, Bruno. Facing Gaia: Eight Lectures on the New Climatic Regime. John Wiley & Sons, 2017.

MASSUMI, Brian. O que os animais nos ensinam sobre política. São Paulo: n-1, 017. ROCHELEAU, D., ROSS, L., MORROBEL, J., MALARET, L., HERNANDEZ, R., &

KOMINIAK, T. (2001). Complex communities and emergent ecologies in the regional agroforest of Zambrana-Chacuey, Dominican Republic. Ecumene, 8, 466-492.

OJEDA, D., NIRMAL, P., ROCHELEAU, D., & Emel, J. Feminist Ecologies. Annual Review of Environment and Resources, 47(1), 149-171. Disponível em https://www.annualreviews.org/doi/full/10.1146/annurev-environ-112320-092246. Acesso em 20 abr. 2022.

PIGNARRE, Philippe; STENGERS, Isabelle. Capitalist sorcery: breaking the spell. Trad. Andrew Goffey. New York: Palgrave Macmillan, 2011.

ROLNIK, Suely. Esferas da insurreição: notas para uma vida não cafetinada. São Paulo: N-1, 2018.

STEIL, Carlos Alberto e CARVALHO, Isabel Cristina de Moura. Epistemologias ecológicas: delimitando um conceito. Mana [online]. 2014, vol.20, n.1 [citado 2020-09-13], pp.163-183. Disponível em: http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0104- 93132014000100006&lng=pt& nrm=iso

STRATHERN, Marilyn. No nature, no culture: the Hagen case. In: MACCORMACK, C.; STRATHERN, M. (Orgs.). Nature, culture and gender. Cambrigde: Cambrigde University Press, 1980, pp. 174-222.

STRATHERN, Marilyn. An awkward relationship: the case of feminism and anthropology. Signs, v. 12, n. 2, pp. 276-292, 1987.

TSING, Anna Lowenhaupt. Viver nas ruínas: paisagens multiespécies no Antropoceno. Trad. Thiago Mota Cardoso et al. Brasília, IEB Mil Folhas, 2019.

van DOOREN, Thom; KIRKSEY, Eben; MÜNSTER, Ursula. Estudos multiespécies: cultivando artes de atentividade. Trad. Susana Oliveira Dias. ClimaCom [online], Campinas, Incertezas, ano. 3, n.7, pp.39-66, Dez. 2016. Available from: http://climacom.mudancasclimaticas.net.br/wp- content/uploads/2014/12/07-Incertezas-nov-2 016.pdf

Bibliografia complementar

BISPO, Antônio. Diálogos sobre natureza, cosmologias e território [Conferência virtual de formação com professores  promovida pela Oficina Francisco Brennand junto com a Universidade Federal de Pernambuco]. Jul./ago./set. 2021. Acesso em 20 de abril de 2022 em http://www.brennand.com.br/. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=cnhIpOwKAsA

CADENA, Marisol de la. An invitation to live together: making the “we” complex. Environmental Humanities, 11:2, nov. 2019. Disponível em: https://www.researchgate.net/publication/337557002_An_Invitation_to_Live_Together HARAWAY, Donna. Quando as espécies se encontram. São Paulo: Ubu Editora, 2022, pp. 9-67.

HARAWAY, D. Antropoceno, capitaloceno, plantationoceno, chthuluceno: fazendo parentes. ClimaCom, v. 3, p. 139-148, 2016.

FAUSTO, Juliana. Experimentais. A cosmopolítica dos animais. pp. 186-260. São Paulo: n-1, 2020.

KOHN, Eduard. How forests think: toward an anthropology beyond the human. Berkeley: University of California Press, 2013.

LATOUR, Bruno. Cogitamus: seis cartas sobre as humanidades científicas. Trad. Jamille Pinheiro Dias. São Paulo: Editora 34, 2016 (Tradução da edição em francês de 2010).

SUSSEKIND, Felipe. Sobre a vida multiespécie. Rev. Inst. Estud. Bras. [online]. 2018, n.69 [cited 2020-09-21], pp.159-178. Available from:http://www.scielo.br/scielo.php?script=sci_arttext&pid=S0020- 38742018000100159&lng=en &nrm=iso

TSING, Anna Lowenhaupt. O cogumelo no fim do mundo: sobre a possibilidade de vida nas ruínas do capitalismo. N-1, 2024.

VIVEIROS DE CASTRO, Eduardo. Metafísicas canibais: elementos para uma antropologia pós- estrutural. São Paulo: Cosac Naif; N-1 edições, 2015.