Susana Dias falou sobre possibilidades do encontro entre artes e ciências e do trabalho realizado pela revista ClimaCom em evento que reúne pesquisas sobre o tema
O 1º Fórum de Mudanças Climáticas da Unicamp teve como objetivo identificar a extensão e a profundidade da agenda de pesquisas em mudanças climáticas e seus vários diferentes subtemas na Universidade. Organizado nos dias 20 e 21 de outubro pelo Gabinete do Reitor (GR) da Unicamp, em conjunto com o Hub Internacional para o Desenvolvimento Sustentável (HIDS).
Para apresentar e debater os projetos de pesquisa em diferente áreas, o fórum contou com sete mesas temáticas: Bases físicas; Energia e tecnologia; Florestas, oceano e biodiversidade; Justiça climática movimentos sociais e cultura; Uso do solo, cidades e agricultura; Saúde; e Governança climática e comunicação.
Susana Dias, pesquisadora do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor) participou da última mesa do evento, falando sobre comunicação. Junto dela, participaram o professor Marko Monteiro, do Departamento de Política Científica e Tecnológica (DPCT), a atriz e pesquisadora Naomi Silman, do Núcleo interdisciplinar de pesquisas teatrais da Unicamp (LUME) e Daniela Resende de Faria, pós-doutoranda no Laboratório de pesquisa em ensino e aprendizagem em Clima, Meio Ambiente e Geociências.
Engajamento
Os participantes da mesa compartilharam diferentes estratégias para pensar a comunicação em mudanças climáticas, desde o âmbito acadêmico e jornalístico, passando pelas escolas e na associação com as artes. Mesmo partindo de diferentes grupos de atuação, todas as falas reforçaram a necessidade de engajamento nos processos de comunicação.
“O público não pode ser encarado como a parte final da comunicação, mas como força ativa, criadora e transformadora”, diz Dias. A pesquisadora apresentou os trabalhos realizados pela ClimaCom, que explica serem resultado de um conjunto de experimentações de “fazer junto”, reinventando a divulgação de ciência a cada encontro do grupo com o público, por meio de mesas de trabalho, residências, oficinas e ateliês.
A revista ClimaCom é publicada desde 2014 e é mantida pela Rede Latino-Americana de Divulgação Científica e Mudanças Climáticas coordenada pelo Labjor e com participação de pesquisadores de outras universidades brasileiras, além da Argentina, Colômbia, México e Chile. Segundo Dias, mais de 10 mil pessoas já contribuíram de alguma forma com a revista.
Para a pesquisadora, o diferencial das ações promovidas pelo grupo está em não apostar na persuasão como ferramenta de comunicação de ciência, já que iniciar os encontros com pressupostos bem definidos impede o diálogo efetivo. Assim, buscam nas práticas artísticas novas experimentações que possam provocar outras formas de sentir e interagir com as ciências.
“Tem uma expectativa muito grande de que as artes sejam uma embalagem bonita para as ciências. E o que a gente está propondo é um encontro entre arte e ciência em que as artes, na verdade terminam por desestabilizar e renegociar o que é ciência. E que possamos ensaiar a partir daí novas narrativas, porque estamos com narrativas exaustas, não sabemos mais como contar essas histórias”, comenta Dias.
Por Mayra Trinca

