12º Encontro de Divulgação Científica e Cultural teve 70 trabalhos apresentados

30 de outubro de 2025

Evento organizado por discentes do curso de Mestrado do Labjor teve também uma mostra artística, sessões de cinema e teatro, lançamento de livros e roda de conversa

O 12º Encontro de Divulgação Científica e Cultural (EDICC), realizado entre os dias 22 e 23 de outubro no Instituto de Estudos da Linguagem da Universidade Estadual de Campinas (Unicamp). A programação incluiu sessões de trabalho, mesas-redondas, apresentações artísticas e oficinas, sob a organização dos alunos do curso de Mestrado em Divulgação Científica e Cultural do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor) da Unicamp.

O tema de 2025 foi “Ausências e Horizontes da Divulgação” e tinha como objetivo fazer um autoexame das práticas de divulgação diante das crises ambientais, políticas, humanitárias e informacionais. Segundo as coordenadoras gerais do evento, Mariana Ribeiro e Laura Nice, a escolha do tema aconteceu de forma coletiva, a partir do debate entre a comissão organizadora.

A comissão, que nesta edição tinha cerca de 20 pessoas, estava em busca de um tema que refletisse como as diferentes linhas de pesquisa do Labjor pensam o que é divulgação. “Até que ponto a divulgação que fazemos ou pretendemos fazer reforça as estruturas de poder que já existem dentro da ciência ou trabalhando para a ciência que desejamos alcançar. E a partir disso chegamos nas ausências e horizontes”, explica Ribeiro.

Programação

Um dos objetivos da comissão foi conceber uma programação capaz de aproximar ciência e cultura. Para isso, foram incluídas sessões de cinema, teatro e música, além do lançamento de livros e de uma roda de conversa sobre permanência indígena na universidade.

Abertura da Mostra Cultural, com exibição de fotos e vídeos

As mesas-redondas também ilustraram esse cuidado ao reunirem pesquisadores e artistas para o debate. A primeira mesa foi focada nas ausências e discutiu sobre quais saberes são mais ou menos valorizados pela academia. Hanna Limulja, antropóloga e indigenista, reforçou a importância de refletir sobre o que é considerado conhecimento científico pela sociedade, já que isso determina, por exemplo, a distribuição de recursos de pesquisa. Participaram também Julia Madeira, fundadora do Rotas Afro, e Thiago de Souza, o Thiagson, divulgador de pesquisas sobre música.

Já na segunda mesa, participaram Rodrigo Kenji, criador do canal Normose, Zaika dos Santos, especialista em inteligência artificial e tecnologias emergentes e criptoartista, e Dindara Galvão, pesquisadora e artista com atuação na interseção entre artes e ciências. O debate girou em torno das alternativas possíveis de comunicação, especialmente pensando no engajamento do público.

Na mesa de encerramento, os participantes discutiram formas de pensar, entender e enfrentar a crise ambiental, trazendo perspectivas de pesquisa e vivência e destacando a importância da regionalidade. Estiveram na mesa Pedro Ferreira, docente do Instituto de Filosofia e Ciências Humanas (IFCH) da Unicamp, Rayz Gabriela, multiartista e empreendedora indígena periférica, e Thaís Brianezi, professora do Departamento de Comunicação e Artes da Escola de Comunicações e Artes da Universidade de São Paulo (USP).

Sessão de apresentação de trabalhosAlém das mesas, o encontro teve 70 trabalhos apresentados, entre pesquisas e relatos de experiência. Foram 127 inscritos, sendo 80 participações presenciais e 47 remotas. Para Greciely Costa, pesquisadora do Laboratório de Estudos Urbanos (Labeurb) e atual coordenadora do programa de pós-graduação do Labjor, o evento foi um sucesso e demonstra a dedicação dos alunos do curso.

Durante a mesa de abertura, Costa reforçou a importância do tema escolhido pelo evento e como a abertura da primeira turma de doutorado no Labjor para o ano de 2026 é um exemplo da relevância das discussões sobre divulgação e comunicação, especialmente olhando para as formas de conhecimento que foram historicamente negligenciadas.

Por Mayra Trinca