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Reconhecimento mundial
Desde 2002, o Iphan reconhece as expressões gráficas e orais dos Wajãpi como patrimônio imaterial. Em 2003, a Unesco as nomeou obras-primas da humanidade. O documento abaixo foi lido pelos índios durante a cerimônia
Rio de Janeiro, 7 de novembro de 2003

Nós Wajãpi estamos muito felizes porque ganhamos o prêmio da Unesco que escolheu nossa cultura como patrimônio imaterial da humanidade. Nós achamos que este prêmio é o reconhecimento do trabalho que nós estamos fazendo há muito tempo para fortalecer cada vez mais a cultura Wajãpi.

Nossa cultura Wajãpi é muito forte e continuamos sempre fazendo vigilância para não ter invasões dos não-índios. Nós Wajãpi nunca vamos deixar nosso modo de vida, como por exemplo as nossas festas, a nossa pintura corporal, o nosso jeito de mudar sempre as aldeias de lugar para não acabar com os recursos naturais. Nós nunca vamos esquecer nossa cultura porque continuamos ensinando nossos filhos e netos na escola e no dia-a-dia. Nós temos nossa proposta curricular diferenciada, que está sendo construída pelos próprios professores Wajãpi para fortalecer a cultura Wajãpi na escola. Mas também fora da escola nós ensinamos nossos conhecimentos para as crianças, através da nossa tradição oral, das caçadas e caminhadas na mata.

Outra coisa que ajuda a fortalecer a nossa cultura é a nossa organização, o Conselho das Aldeias Wajãpi-Apina. Também tem nosso parceiro, o Iepé – Instituto de Pesquisa e Formação em Educação Indígena, que trabalha junto com o Apina no Programa Wajãpi, com atividades nas áreas de educação, saúde, cultura, terra e ambiente. O objetivo principal do Programa Wajãpi é formar os Wajãpi para serem autônomos e não dependerem dos não-índios. Além do Iepé, tem outros parceiros que estão ajudando o programa de fortalecimento cultural Wajãpi, que são o museu do Índio da Funai e o Núcleo de História Indígena e do Indigenismo da Universidade de São Paulo.

Faz tempo que estes parceiros estão pesquisando nossa cultura junto com pesquisadores Wajãpi e eles ajudam a explicar nossa cultura para respeitar nossos conhecimentos e nosso modo de vida. Se os não-índios não respeitam nossa cultura, até os nossos próprios jovens podem começar a desvalorizar nossos conhecimentos e modo de vida. Por isso, nós queremos apoio para continuar este trabalho com os nossos parceiros de formação dos Wajãpi, e também de formação dos não-índios, para entender e respeitar os povos indígenas.

Atenciosamente,

Kasiripiña Wajãpi
Kaiku Wajãpi
Tarakua si Wajãpi
Japarupi Wajãpi
Jawapuku Wajãpi

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