O líder indígena, nascido em Aquidauana (MS), faleceu dia 12 de junho, acometido pelo novo coronavírus. Foi ativista em demarcações de terras indígenas, e junto com o irmão, Marcos, idealizador dos Jogos dos Povos Indígenas.
Inspirou o projeto Jogo, celebração, memória e identidade: Reconstrução da trajetória de criação, implementação e difusão dos Jogos Indígenas no Brasil (1996-2009) do Labjor, que reuniu vasto material sobre o evento, sob comando das professoras Vera Regina Toledo de Camargo, Maria Beatriz Rocha Ferreira e Olga von Simson, da Unicamp, e Manuel Hernández Vázquez, fundador do Museo del Juego.
“Carlos Terena, grande líder, tinha um grande sonho de reunir os povos indígenas em um ideal. Com essa afirmativa, junto com o irmão Marcos, idealizaram os Jogos dos Povos Indígenas. Nos ajudou muito em nossos projetos. Seus ideais estão perpetuados nos projetos do Labjor”, conta a professora e pesquisadora Vera Regina Toledo Camargo.
O projeto pode ser acessado pelo site e deu origem a um livro, que pode ser baixado aqui.
“Conheci Carlos Terena como uma pessoa incrível, um sonhador e um dos idealizadores dos Jogos dos Povos Indígenas, juntamente com seu irmão Marcos Terena. A presença dele, o sonho, o amor pelos parentes, a visão que teve de trazer os Jogos dos Povos Indígenas para a cidade foi um desafio e teve grandes contribuições para a ciência e pesquisa. Nunca se eximiu de conversar, ser entrevistado e transmitir a sua sabedoria. A vida de Carlos foi sempre de muita seriedade e constante reflexão. Ele conseguiu tornar o sonho em realidade. Mostrou a antítese da competição e nos deixou a direção – o lema – O importante não é competir, mas sim celebrar. A celebração traz o mais profundo que um ser humano possa ter, no caso através dos jogos, da festa, da arte plumária, da pintura corporal, da dança, enfim todos elementos inscritos nos rituais e no amor entre os parentes. Obrigada pela sua amizade, sabedoria e com certeza eu, colegas e alunos da Unicamp que conviveram com você somos muito gratos. O seu legado chegou na universidade e se transformou nas teses, dissertações e publicações. Trouxe imensos benefícios para compreender melhor os povos indígenas e as demandas no mundo atual. Que o seu retorno ao Grande Criador, como dizia, seja de muita glória e paz”, diz a professora Maria Beatriz Rocha Ferreira, livre docente pela Faculdade de Educação Física da Unicamp e pesquisadora visitante no Labjor.