Um dos maiores expoentes da área do jornalismo, Alberto Dines foi um dos fundadores do Labjor, e também do Observatório da Imprensa e do Projor – Instituto para o Desenvolvimento do Jornalismo. Ele faleceu nessa manhã (22), em São Paulo.
O jornalista iniciou sua carreira como crítico de cinema da revista A cena muda, em 1952. Teve passagem por diversas publicações, como as revistas Visão, Manchete, Fatos e Fotos, os jornais Última Hora, Tribuna da Imprensa, e Diário da Noite, de Assis Chateaubriand. Foi editor-chefe do Jornal do Brasil, diretor da sucursal do Rio de Janeiro da Folha de S. Paulo e parte da equipe de O Pasquim.
Sempre focado na importância da crítica de mídia no Brasil, é autor da obra O papel do jornal e de outros títulos voltados ao tema, entre eles Cadernos de jornalismo e A imprensa em debate. Como escritor também se dedicou à realização de biografias como Morte no paraíso – a tragédia de Stefan Zweig; O judeu em cena: o prodígio de Amarante e O baú de Abravanel: uma crônica de sete séculos até Sílvio Santos.
Na Unicamp, juntamente com Carlos Vogt e José Marques de Melo, idealizou o Labjor. O objetivo era criar um centro de pesquisa e acompanhamento crítico da mídia. O Labjor foi apresentado publicamente em abril de 1994, por meio do seminário-fundador A imprensa em questão, quando se fez amplo diagnóstico dos desafios enfrentados pela mídia no panorama das transformações socioculturais, político-econômicas e científico-tecnológicas. Em 2014, Dines esteve presente no evento comemorativo de 20 anos, celebrado com o simpósio A questão da imprensa: tecnologia, transparência, autorregulação e desconcentração.
Sempre com olhar crítico e disposto a debater o papel da mídia, idealizou também o Observatório da Imprensa, lançado pioneiramente em versão eletrônica, em 1996. Depois, viriam ainda as versões de rádio e televisão.
“O papel do Dines foi fundamental no propósito de a Unicamp ter um programa de jornalismo, e de criá-lo com as características de ser um curso não de graduação, mas sim atividades de extensão e pós-graduação. E, neste processo todo, foi feita a criação do Laboratório de Estudos Avançados em Jornalismo (Labjor). Dois anos depois, em 1996, houve o lançamento do Observatório da Imprensa e todas as atividades que fizemos juntos, e cujos desdobramentos se deram na criação do Projor – que abriga o Observatório. A vinda do Dines para a Unicamp foi fundamental para a criação do Laboratório e das atividades que se desenvolveram de crítica do jornalismo e de formação de profissionais da área de divulgação científica”, destaca o professor Carlos Vogt.
Em abril, a Unicamp sediou o simpósio Projor – Vigilância midiática e desenvolvimento do jornalismo“, que discutiu a trajetória da entidade voltada à reflexão e ao aprimoramento da prática jornalística e da imprensa livre. Na ocasião, o professor Carlos Vogt destacou a atuação de Alberto Dines por meio do texto “Ao Dines, com carinho”.
“Trata-se de uma grande perda para o jornalismo. Poucos profissionais construíram uma carreira tão brilhante, em parte pelo seu espírito empreendedor e seu interesse não só em fazer jornalismo, mas também refletir sobre a profissão, além do interesse em formar profissionais mais críticos. Esse seu lado o levou a colaborar com a fundação do Labjor, a criar o Observatório da Imprensa, o Projor e vários outros produtos como Os cadernos de jornalismo, editados pelo Jornal do Brasil nas décadas de 1960 e 1970, e vários projetos desenvolvidos no Projor”, afirma Simone Pallone, coordenadora do Núcleo de Desenvolvimento da Criatividade (Nudecri).
A professora e pesquisadora do Labjor Vera Regina Toledo Camargo também destaca o imenso prestígio do jornalista. “Dines teve, tem e terá sempre uma importantíssima trajetória na área de comunicação. Em sua passagem pelo Labjor, despertou vários adeptos e seguidores de um bom jornalismo. Tivemos a grata oportunidade de conviver e debater”.
O velório será amanhã, dia 23, no Cemitério Israelita do Embu das Artes, a partir de 10h. O enterro será às 13h30.